sexta-feira, 17 de outubro de 2008

País Tem Déficit de Engenheiros

Fonte: Portal Aprendiz, 29/09/2008


Com o crescimento econômico brasileiro, a demanda por alunos formados em cursos de Engenharia vem aumentando, porém a formação acadêmica não tem acompanhado o setor.

Dados apresentados pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) mostram que, de cada 800 estudantes matriculados no ensino fundamental no País, apenas um opta por se formar em Engenharia. Somente 0,02%dos estudantes brasileiros da educação básica chegam a fazer um doutorado na área, considerada essencial em todos os países que pretendem investir em infra-estrutura, tecnologia e indústria de ponta.

Brasil, apenas 5,6% de todos os formandos no ano de 2006 em algum curso de ensino superior tinham escolhido se graduar nas áreas de Engenharia - que, no País, ainda inclui Arquitetura e Urbanismo.

Comparado com países que têm bons resultados na economia ou que vêm avançando em inovação tecnológica, o Brasil fica bem atrás nessa área. Um exemplo é a Coréia
do Sul, onde 26% de todos os formandos são da área de Engenharia. No Japão, o porcentual fica em 19,7%. Mesmo o México, país em desenvolvimento com indicadores semelhantes aos brasileiros, hoje tem 14,3% de seus formandos nessa área. “É um desafio que temos transformar o conhecimento em produtos e processos e isso passa por resolver essas assimetrias de áreas”, afirmou o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, José Ivonildo do Rego, durante reunião da Andifes com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, realizada nesta semana em Brasília. “Os esforços feitos até agora foram incapazes de mudar essa realidade”, completou ele.

Quando são analisadas as formações superiores, de mestrado e doutorado, a situação fica ainda mais complicada. Os dados da Andifes mostram que apenas 1 em cada 30 mil estudantes da educação básica chega a fazer um doutorado na área. Em 2007, formaram-se 1.178 doutores e 4.144 mestres, ainda longe da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Pós-Graduação 2005-2010.

Nesse documento, formulado em 2004 pelo governo federal, a intenção era que se chegasse, nos próximos dois anos, a formar 2.619 engenheiros doutores por ano no País. “Ser engenheiro no Brasil na década de 90 era quase ser condenado ao desemprego. Mas o País está crescendo e voltou a ser importante a formação de engenheiros”, disse a ministra Dilma Rousseff, afirmando ainda que as universidades brasileiras precisam “cumprir seu papel”, desenvolver pesquisa e formar cientistas. “Se deixarmos para as forças do mercado, a Petrobrás vai comprar plataformas na Coréia e em Cingapura. Não é isso que queremos.” As diferenças regionais dentro do próprio País também são gritantes. Em 2007, existiam 1.245 cursos de doutorado no País. Desses, 130 são em Engenharia. Já na Região Norte estão apenas 32 doutorados, dos quais dois são nessa área. A Região Sudeste, com 79, concentra a maior parte deles. A Região Sul vem a seguir, com 23, e o Nordeste aparece com 20. (Folha de S.Paulo)

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