domingo, 16 de dezembro de 2012

Métodos de Irrigação – parte 1

Nota: O presente artigo, por ser muito extenso, será dividido em partes.

http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Milho/CultivodoMilho/imetodos.htm 

Camilo de Lelis Teixeira de Andrade Ricardo A. L. Brito

Métodos de Irrigação – Milho

O interesse pela irrigação, no Brasil, emerge nas mais variadas condições de clima, solo, cultura e socioeconomia. Não existe um sistema de irrigação ideal, capaz de atender satisfatoriamente todas essas condições e interesses envolvidos. Em conseqüência, deve-se selecionar o sistema de irrigação mais adequado para uma certa condição e para atender os objetivos desejados. O processo de seleção requer a análise detalhada das condições apresentadas (cultura, solo e topografia), em função das exigências de cada sistema de irrigação, de forma a permitir a identificação das melhores alternativas.

Com a expansão rápida da agricultura irrigada no Brasil, muitos problemas têm surgido, em conseqüência do desconhecimento das diversas alternativas de sistemas de irrigação, conduzindo a uma seleção inadequada do melhor sistema para uma determinada condição. Este problema tem causado o insucesso de muitos empreendimentos, com conseqüente frustração de agricultores com a irrigação e, muitas vezes, a degradação dos recursos naturais.

Principais Métodos e Sistemas de Irrigação

Método de irrigação é a forma pela qual a água pode ser aplicada às culturas. Basicamente, são quatro os métodos de irrigação: superfície (Figura 1), aspersão (Figura 2), localizada (Figura 3) e subirrigação. Para cada método há dois ou mais sistemas de irrigação, que podem ser empregados. A razão pela qual há muitos tipos de sistemas de irrigação é devido à grande variação de solo, clima, culturas, disponibilidade de energia e condições socioeconômicas para as quais o sistema de irrigação deve ser adaptado. Uma abordagem detalhada dos métodos e sistemas de irrigação e suas adaptabilidades às mais diversas condições de clima, solo e culturas é feita no documento "Seleção do Sistema de Irrigação". Nesse tópico serão comentados apenas os métodos e sistemas mais apropriados para a cultura do milho.

 

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Fig. 1 – Irrigação por superfície

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Fig. 2 – Irrigação por asperção

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Fig. 3 – Irrigação localizada

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Fig. 4 – Ir. p Superfície por sulcos

 

Irrigação por Superfície

No método de irrigação por superfície, a distribuição da água se dá por gravidade através da superfície do solo. As principais vantagens do método de superfície são:

(1) - menor custo fixo e operacional;

(2) - requer equipamentos simples;

(3) - não sofre efeito de vento;

(4) - menor consumo de energia quando comparado com aspersão;

(5) - não interfere nos tratos culturais;

(6) - permite a utilização de água com sólidos em suspensão.

As principais limitações são:

(1) - dependência de condições topográficas;

(2) - requer sistematização do terreno;

(3) - o dimensionamento envolve ensaios de campo

(4) - o manejo das irrigações é mais complexo;

(5) - requer freqüentes reavaliações de campo para assegurar bom desempenho;

(6) - se mal planejado e mal manejado, pode apresentar baixa eficiência de distribuição de água

(7) - desperta pequeno interesse comercial, em função de utilizar poucos equipamentos.

Para a cultura do milho, o sistema de irrigação por superfície mais apropriado é o de sulcos, os quais são localizados entre as fileiras de plantas, podendo ser um sulco para cada fileira ou um sulco para duas fileiras (Figura 4). Nos terrenos com declividade de até 0,1%, os sulcos podem ser em nível, ou com pequena declividade. Para declividades de até 15%, os sulcos podem ser construídos em contorno ou em declive, o que permite lances de sulcos com comprimento maior.

 

Irrigação por Aspersão

No método da aspersão, jatos de água lançados ao ar caem sobre a cultura na forma de chuva. As principais vantagens dos sistemas de irrigação por aspersão são:

(1) - facilidade de adaptação às diversas condições de solo e topografia;

(2) - apresenta potencialmente maior eficiência de distribuição de água, quando comparado com o método de superfície;

(3) - pode ser totalmente automatizado;

(4) - pode ser transportado para outras áreas;

(5) - as tubulações podem ser desmontadas e removidas da área, o que facilita o tráfego de máquinas.

As principais limitações são:

(1) - os custos de instalação e operação são mais elevados que os do método por superfície;

(2) - pode sofrer influência das condições climáticas, como vento e umidade relativa;

(3) - a irrigação com água salina, ou sujeita a precipitação de sedimentos, pode reduzir a vida útil do equipamento e causar danos a algumas culturas;

(4) - pode favorecer o aparecimento de doenças em algumas culturas e interferir com tratamentos fitossanitários;

(5) - pode favorecer a disseminação de doenças cujo veículo é a água.

Os sistemas mais usados de irrigação por aspersão são apresentados e discutidos a seguir.

 

Aspersão Convencional

Podem ser fixos, semifixos ou portáteis. Nos sistemas fixos, tanto as linhas principais quanto as laterais permanecem na mesma posição durante a irrigação de toda a área. Em alguns sistemas fixos, as tubulações são permanentemente enterradas.

Nos sistemas semifixos, as linhas principais são fixas (geralmente enterradas) e as linhas laterais são movidas, de posição em posição, ao longo das linhas principais. Nos sistemas portáteis, tanto as linhas principais quanto as laterais são móveis (Figura 5).

 

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Fig. 5 – Sistema de Irrigação por Aspersão

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Fig 6 - Utilização de minicaminhões

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Fig. 7 – Sistema Autopropelido

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Fig. 8 – Pivô Central – vista inferior

Os sistemas semifixos e portáteis requerem mão-de-obra para mudança das linhas laterais. São recomendados para áreas pequenas, geralmente com disponibilidade de mão-de-obra familiar. Todavia, é possível utilizar minicanhões no lugar dos aspersores, o que permite a irrigação de áreas maiores, em condições de pouco vento e quando a uniformidade da irrigação não é crucial (Figura 6).

Autopropelido

Um único canhão ou minicanhão é montado num carrinho, que se desloca longitudinalmente ao longo da área a ser irrigada. A conexão do carrinho aos hidrantes da linha principal é feita por mangueira flexível. A propulsão do carrinho é proporcionada pela própria pressão da água (Figura 7). É o sistema que mais consome energia e é bastante afetado por vento, podendo apresentar grande desuniformidade na distribuição da água. Produz gotas de água grandes que, em alguns casos, pode causar problemas de encrostamento da superfície do solo. Existe também o risco de as gotas grandes promoverem a queda de flores e pólen de algumas culturas. Presta-se para irrigação de áreas retangulares de até 70 ha, com culturas e situações que podem tolerar menor uniformidade da irrigação.

Pivô Central

Consiste de uma única linha lateral, que gira em torno do centro de um círculo (pivô). Segmentos da linha lateral metálica são suportados por torres em formato de "A" e conectados entre si por juntas flexíveis. Um pequeno motor elétrico, colocado em cada torre, permite o acionamento independente destas (Figura 8). O suprimento de água é feito através do ponto pivô, requerendo que a água seja conduzida até o centro por adutora enterrada, ou que a fonte de água esteja no centro da área. Pivôs podem ser empregados para irrigar áreas de até 117 ha. O ideal, todavia, é que a área não ultrapasse 50 a 70 ha, embora o custo por unidade de área tende a reduzir à medida que aumenta a área. Quanto a limitações de topografia, alguns autores afirmam que, para vãos entre torres de até 30 metros, declividades de até 30% na direção radial podem ser suportadas, enquanto outros autores indicam que essa declividade máxima só pode ser tolerada na direção tangencial (ao longo dos círculos). Pivôs centrais com laterais muito longas, quando não corretamente dimensionados em função da taxa de infiltração da água no solo, podem apresentar sérios problemas de erosão no final da lateral, devido à alta taxa de aplicação de água necessária nessa área. Podem também apresentar problemas de "selamento" (impermeabilização) da superfície, em função da textura do solo. São sistemas que permitem alto grau de automação (Figura 9).

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Fig. 9 – Pivos Centrais

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